Este artigo propõe uma refl exão crítica sobre a sociedade hedocapitalista. Hedocapitalista, porque é analisado nele uma nova racionalidade que combina as variáveis “produção, consumo e prazer” para se defi nir axiologicamente o “ideal de vida feliz”. Por essa razão, essa sociedade apresenta uma disposição axiológica para uma nova defi nição antropológica do ser humano: sua monodisposição hedodimensional. A “experiência orgástica” (Zygmunt Bauman) defi ne com precisão semântica a meta psíquica das lógicas de encontro que acontece nesse espaço conjuntural no qual a prioridade é alcançar “experiências máximas”. O “princípio do prazer” torna-se, nesse contexto, uma categoria analítica importante para o estudo do comportamento social dos indivíduos interagindo uns com os outros no mundo da vida. Essa lógica de interação, contudo, opera com a crença de que quanto maiores forem os predicados de autodefi nição estética do indivíduo (capital erótico), maior será seu nível de aceitação social no processo de interação “ego e alter”. O capital da beleza torna-se, portanto, a commodity de maior cotação no mercado das interações hedônicas, para o qual o prazer da satisfação das trocas simbólicas é compreendido como critério de validação ética universal. Viver com autenticidade nesse contexto vital de interação social tornou-se praticamente inviável, haja vista que a verdade, enquanto modo de vida (e não como forma de pensar), deixa de ser exigência de apresentação da autoconsciência do ego. A beleza constitui-se, assim, o “lugar de camufl agem” da autoidentidade do ego.
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